Com o novo sistema de Certificação de Energia Limpa, a Siemens Energy está lançando uma ferramenta confiável e verificável para construir confiança na sustentabilidade das soluções de energia verde.
Por Florian Bayer
Existe um provérbio árabe antigo, “confie em Deus, mas amarre seu camelo”. O que é verdade na vida cotidiana também vale para os negócios. Para quase tudo que compramos, vendemos e consumimos, temos padrões, verificações e certificações rigorosas. Mas ainda falta essa verificação para a energia verde que deve alimentar toda a UE até o ano de 2050.
Como saber se o hidrogênio foi produzido a partir do carvão, por parques eólicos ou por usinas hidrelétricas? Como comparar combustíveis verdes em diferentes países? E como os clientes finais podem descobrir se estão comprando energia “verde” ou “cinza”? O sistema de Certificação de Energia Limpa que está sendo lançado pela Siemens Energy fornece as respostas.
Com a ajuda da “distributed ledger technology” (DLT), em português livre tecnologia de contabilidade distribuída, e conectando ativos físicos à rede blockchain, certificados serão emitidos de maneira aprovada pelo governo. A Siemens Energy e suas parceiras querem manter e aumentar os padrões para a certificação de energia verde. As futuras aplicações e produtos energéticos terão um certificado, que identificará a origem energética do produto ao longo da cadeia de valor. A qualquer momento do processo, fornecedores, parceiros e clientes podem encontrar informações detalhadas sobre o processo de produção. O sistema será aberto e operará entre setores e fronteiras.
Os potenciais usos são variados. Algumas das aplicações Power-to-X mais promissoras são os e-combustíveis: a energia de fontes renováveis é usada primeiro para produzir hidrogênio verde, que pode posteriormente ser processado para produzir combustível de aviação verde ou outros produtos, especialmente no setor de mobilidade. Essas tecnologias estão prestes a serem lançadas mais amplamente, mesmo com a Siemens Energy dando o pontapé para um sistema de certificação universal.

Honestamente, metas de sustentabilidade não podem ser definitivas.
Mesmo quando alcançamos nossas metas, definimos objetivos ainda mais ambiciosos para o futuro. Saiba mais sobre nossas metas e principais áreas de atuação em nosso novo Relatório de Sustentabilidade 2021.
Certificado de sustentabilidade
O tempo é certo: não só os membros da UE finalmente concordaram em reduzir as emissões de gases do efeito estufa em nada menos que 55% até 2030, e atingir a neutralidade de carbono total até 2050, mas essa transição também está acontecendo e sendo acelerada pela inovação tecnológica. A energia hidrelétrica, a energia eólica e a energia solar terão um papel cada vez maior nos próximos anos. Novas tecnologias, como aplicações Power-to-X, ajudarão a utilizar e armazenar energia de fontes renováveis de maneira sustentável.
“O fornecimento de energia e seu uso na fabricação de produtos geralmente são invisíveis para nós”, diz Monika Sturm, head de incubação e estratégia da Digital Solutions da Siemens Energy. “É por isso que queremos dar uma etiqueta indicando sua sustentabilidade.” Ela está convencida de que o setor de energia em breve seguirá o exemplo da indústria de alimentos, permitindo que os clientes digam imediatamente se estão lidando com um produto verde ou não.
“O fornecimento de energia e seus produtos geralmente são invisíveis para nós. É por isso que queremos dar uma etiqueta indicando sua sustentabilidade.”Monika Sturm, head de incubação e estratégia da Digital Solutions da Siemens Energy.
Transparente e confiável
Segundo Sturm, o novo sistema tem três principais vantagens: em primeiro lugar, os produtos e aplicações certificados serão reconhecidos como cumpridores dos requisitos legais e regulamentares a níveis nacionais e europeus. Com o novo sistema, será mais fácil do que nunca assegurar conformidade legal completa.
Em segundo lugar, clientes finais serão abastecidos com informações transparentes, com um sistema de classificação facilmente compreensível, por exemplo, por meio de um código de cores. Isso também beneficiará produtores e distribuidores, pois garantias confiáveis e abrangentes da origem do produto proporcionarão uma vantagem competitiva, com os clientes preferindo produtos “verdes” (e inovadores) em vez de “cinza” (e desatualizados).
Por último, mas não menos importante, a UE incentivará a transição verde, oferecendo reduções financeiras e descontos para aplicações certificadas de energia verde. Desta forma, a UE visa proteger o mercado interno de desvantagens competitivas em relação a outras regiões, o que pode prejudicar os elevados padrões da UE (“fuga de carbono”). Todos os produtores sustentáveis, tanto dentro como fora da UE, serão elegíveis aos benefícios financeiros concedidos pela UE, como reduções alfandegárias –situação vantajosa para legisladores e empresas verdes.
Armazenamento de informação distribuída
Assim como a tecnologia blockchain sustenta criptomoedas como Bitcoin, o novo mecanismo de certificação salvará todos os indicadores relevantes, como emissões de CO2, tipos de ativos, localização e códigos de tempo em um token. Este token - ou certificado - é salvo em uma plataforma descentralizada e anexado diretamente ao produto ou aplicação vendidos. O número de tais certificados corresponde exatamente ao número de produtos atualmente no mercado. "A ‘lavagem verde’ por meio da contagem dupla de CO2 não emitido não será possível", diz Sturm.
A capacidade de rastrear esses certificados do início ao fim, usando blockchains, garante o máximo de segurança, transparência e confiança. “Todo mundo vê as mesmas informações. Se uma parte tenta manipular ou ‘lavar verde’, todos os outros notariam”, diz Sturm. Isto é especialmente importante no comércio entre fronteiras, onde a Comissão Europeia visa prevenir o risco de “fuga de carbono” através da terceirização para países com padrões de sustentabilidade mais baixos.

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Novo padrão da indústria para certificação
Atualmente, o novo sistema de certificação está sendo utilizado em diversos projetos-piloto. Um deles envolve a extração e gravação de dados em tempo real de uma turbina eólica para um sistema de plataforma descentralizada. Os desafios são múltiplos, uma vez que o sistema de certificação operará em linha com política, ciência, economia e conformidade legal. No entanto, o progresso é substancial e novos insights são gerados diariamente. O lançamento do novo sistema está programado para o outono de 2022.
A UE está assumindo um papel de liderança em relação a certificação de tecnologias verdes, mas as fontes de energia sustentáveis também estão sendo rapidamente adotadas em várias outras regiões do mundo. No Oriente Médio, por exemplo, os estados que no passado dependiam de combustíveis fósseis para o seu próprio abastecimento de energia e como commodity de exportação, agora estão diversificando seus sistemas de energia para fazer melhor uso da energia solar abundante. O governo da Austrália também está buscando fazer mais uso de tecnologias de baixas emissões e espera criar 13.000 empregos na construção de infraestrutura de energia renovável, bem como 16.000 empregos no negócio de hidrogênio limpo até 2050. Aqui também os investidores exigirão provas de que as soluções empregadas são realmente sustentáveis.
Como o novo sistema de certificação foi criado do zero, a Siemens Energy coopera estreitamente com associações de certificação técnica em questões práticas e tecnológicas. Outros parceiros, como empresas de consultoria, fornecem importantes subsídios jurídicos e políticos para a efetiva implementação. “Nosso objetivo é desenvolver nada menos do que o novo padrão da indústria”, diz Sturm. A julgar pelo esforço e alcance deste projeto, em breve a confiança em todo o setor de energia será construída com um instrumento que combina transparência e verificabilidade.
Janeiro, 2022
Florian Bayer é um jornalista freelance morando em Viena, Áustria, onde escreveu para Zeit Online, Der Standard, e Wiener Zeitung.
Créditos combinados de imagem e vídeo: Sebastian Philipp